Kung Fu e Desenvolvimento Humano: Lições de uma Jornada de Transformação
Vivemos diariamente desafios, alguns internos e outros externos, por vezes nos encontramos em batalhas para as quais a escola e nossa criação familiar não nos preparou, pode um Sistema de Kung Fu nos ajudar a enfrentar situações desconhecidas e nos municiar de armas para ter vida interior e assim poder ter vida exterior? Deixe-me dividir com você, caro leitor, um pouco da minha história e experiência kung fu.
Meu nome é Caio Esmeraldo e venho do interior do Ceará, da cidade de Crato. Sou advogado de profissão, mas minha paixão vai além das leis e tribunais. Quero compartilhar com você, caro leitor, uma parte significativa da minha vida – uma jornada que percorri com o Kung Fu Ving Tsun (Wing Chun).
Sempre que possível vou a São Paulo estar com meu Mestre Washington Fonseca (Sifu), que é o responsável pela Unidade Núcleo Brooklin São Paulo. Claro que entre início da minha busca e encontrar meu Mestre existiram inúmeros desafios e vivencias marciais, um dia podemos conversar sobre isso.
Em janeiro desse ano de 2023 meu mestre informou que a Visita Oficial da Liderança da Moy Yat Ving Tsun Martial Intelligence seria em julho para que pudessem participar eu e outros irmãos kung fu que moram distante da capital paulista, diante dessa informação já tomei a necessidade de fazer planejamento.
Julho normalmente é um mês intenso no meu trabalho, e o pensamento de lidar com possíveis audiências e compromissos me preocupou. Além disso, uma viagem não planejada para São Paulo significava que eu precisaria preparar minhas finanças. Decidi abraçar essa oportunidade única de estudar kung fu e mergulhar em uma semana de aprendizado. Então, coloquei meu plano em ação.
Comecei a fazer malabarismos no trabalho, me assegurando de que estaria pronto para lidar com qualquer eventualidade que surgisse. Tenho buscado ser um aluno aplicado em meus estudos, dedicando-me ao máximo dentro das minhas possibilidades. Minha educação financeira pode não ser das melhores (risos), mas tenho feito um esforço para controlar meus gastos. Estou comprometido em me desenvolver com seriedade, mantendo meu coração aberto a todas as oportunidades que se apresentam.
Estudo Kung Fu Ving Tsun (Wing Chun) a mais de cinco anos, um período de muito despertar de consciência, nos dias 14, 15 e 16 de julho de 2023 realizou-se a Visita Oficial da Liderança da Moy Yat Ving Tsun Martial Intelligence do Grão Mestre Leo Imamura, que é um acontecimento onde os estudantes da Unidade Núcleo Brooklin São Paulo ficam responsáveis pelo planejamento e execução de um evento, escolhendo temas, fazendo cronograma, organizando o financeiro, escolhendo lugar, reservando restaurantes, organizando limpeza etc. O conceito em si é provocador, a proposta é que o vento seja meio de desenvolvimento e provimento de vida kung fu.
Visita Oficial da Liderança da Moy Yat Ving Tsun Martial Intelligence
A Visita Oficial da Liderança é composta de três estágios: pré-evento (planejamento); trans evento (atividades do evento); e pós-evento (avaliação dos ajustes das atividades das etapas anteriores). Vamos por enquanto nos deter no pré-evento.
Em paralelo começaram reuniões para cobertura de todos aqueles detalhes que mencionei, lembra? Do planejamento? Pois bem, fizemos inúmeras reuniões, cada um dos participantes enfrentava seus próprios conflitos, o que os fez serem mais ou menos atuantes na montagem de tudo.
Me permita dividir algumas questões pessoais que não tem relação direta com a visita, mas foram profundamente transformadas por ela: Às vezes a nossa rotina pesa e as coisas do dia a dia perdem um pouco do sentido, estamos sujeitos a essas escaladas e quedas na motivação.
Pois bem, confesso que estava nesse período experimentando um momento jusante (de baixa), as coisas que me eram rotineiras pareciam menos importantes, me surpreendi quando percebi que estava procrastinando episódios que eram de minha responsabilidade e para as quais sempre tive energia, claro que essa procrastinação veio lentamente, de maneira quase imperceptível, mas quando dei conta já havia de enfrentar uma resistência para realizar tarefas corriqueiras, existe um proverbio chinês que diz: “as correntes de um mal habito são fracas demais para serem percebidas, até serem fortes demais para serem quebradas”.
E eu que sempre me julguei mentalmente forte, me vi refém de mim. Sempre soube que sentimentos são mensageiros, que se não ouvi-los e entende-los eles continuam a voltar, falando cada vez mais alto… mas não entendia o que acontecia, e quando comecei a me sentir muito pressionado e o sistema Ving Tsun (Wing Chun) veio pra mim na medida do que precisava.
Muitos dos meus irmãos kung fu estavam em suas lutas particulares e não puderam se dedicar a montagem com tanto afinco, e eu não queria decepcionar meu Mestre então resolvi que me doaria ao máximo, não faltei a nenhuma reunião, para isso reagendei compromissos, dormi menos para minha entrega no trabalho não ser prejudicada, negociei com familiares encaixe de horários. A energia que dediquei ao evento começou a reverter para os campos da minha vida profissional e pessoal, foi o estopim para que saísse da beira do precipício que me encontrava.
Sempre senti que o universo me favorece, e dessa vez a ausência dos meus queridos irmãos em alguns aspectos da montagem do evento me permitiu assumir as responsabilidades que me fortaleceram para enfrentar a resistência que me afligia. Mas não se engane, não é só a mim que essa resistência se opõe, mas todo aquele que na história humana já buscou ou buscará melhorar precisará enfrentá-la.
Meu Sifu me disse que a Visita da Liderança é um mecanismo para desenvolver o kung fu e estendê-lo para vida. De início não entendi bem a conexão, mas lembra que resolvi abrir o coração? Parte disso passa por confiar em quem está um passo à frente. E sempre acreditei que a vida como um todo é pedagógica, então mesmo sem entender bem me doei. E hoje seguramente posso dizer que o pré-evento foi para mim exatamente o que precisava ser.
Lembro que quando cheguei a São Paulo vim pelo aeroporto internacional de Guarulhos e meu Sihing (irmão mais velho) Alberto Baione foi me pegar no aeroporto, na ocasião dividi com ele a batalha contra a “resistência” que havia enfrentado, e ele me perguntou como havia vencido, em verdade não venci, todos os dias ao acordar sei que esse antagonista invisível estará me esperando para mais um dia de luta. O que precisamos na vida é nos munir de bons mecanismos para esse combate. Pra mim o Sistema de Kung Fu Ving Tsun (Wing Chun) é uma dessas estruturas de capacitação para que se viva uma boa vida.
Percebeu que falei muito pouco do pré-evento em si? Sequer comentei o tema que escolhemos, as dificuldades em nos aprofundar na matéria ou até como a coisa se desenrolou na prática.
Me concentrei inicialmente em colher os muitos frutos que são oferecidos antes mesmo do mergulho no tema do evento e no ocorrido nos dias. Vez que, seguramente só o aqui apresentado já fez valer, em minha humilde opinião, as barreiras encontradas.
Se você chegou até aqui, fico lisonjeado com sua audiência e te convido a, em um outro momento comigo, analisar o tema da Visita e encarar todos os desafios imprevistos que enfrentamos no durante a montagem (ainda pré-evento) e o Evento.
Caio Esmeraldo